segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Por que o metrô apenas toca Contagem?

A história de um golpe contra o povo!



Em agosto de 1985 entrava em operação o metrô no trecho Eldorado/Lagoinha. Em menos de dois anos, em 01 de abril de 1987, era sepultado o subúrbio no trecho Betim/ Contagem e, junto com ele, o projeto de sua integração com o metrô. Mais de duas décadas se passaram e nenhum centímetro do metrô foi implantado em nossa violentada Contagem. Alguns fatos ocorridos recentemente dão pistas do que pode ser um duro golpe de políticos corruptos e concessionários de ônibus nos moradores de nossa cidade — talvez de toda região metropolitana. 

Em primorosa dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC Minas, Helena Guimarães Campos nos oferece informações preciosas para entendermos essa cilada em que a sociedade caiu, onde o Bem Comum foi colocado num plano inferior em beneficio aos cartéis do transporte rodoviário coletivo e do acúmulo de riquezas num setor onde o interesse social deveria prevalecer.

As classes populares eram atraídas para o trem subúrbio muito em razão da tarifa cobrada, que segundo estudos da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, datados de 1980, o preço/único cobrado era de Cr$4,00. As linhas intermunicipais rodoviárias, que competiam com os subúrbios alcançavam o preço de Cr$25,00. Ou seja: “andar” de subúrbio custava 6,25 vezes menos do que de ônibus. Se fizermos uma relação do salário mínimo vigente a partir Decreto 84.674/80 de 01º de maio de 1980 que era de Cr$4.149,50 podemos afirmar que com um salário mínimo era possível fazer 1.037 viagens de Betim, passando pelo Bernardo Monteiro, Novo Eldorado e até Belo Horizonte. Hoje, somente do Novo Eldorado a Belo Horizonte gasta-se R$2,55 de ônibus e R$1,80 do bilhete do metrô. Com o salário mínimo em vigor (R$545,00) é possível fazer apenas 125 vezes o trecho. Não é exagero afirmar que o usuário que paga R$3,05 para ir do Novo Eldorado a Belo Horizonte de ônibus deveria pagar de forma justa R$0,49 centavos pela tarifa do metrô. 

Além do injusto e exorbitante preço da passagem, há indícios de vários golpes aplicados ao usuário/consumidor/financiador e cidadão em relação ao transporte coletivo do município de Contagem. Por exemplo – O metrô nunca foi até o Eldorado! Ele está no bairro JK. Por que as concessionárias dos ônibus há anos deixaram de vender o bilhete do tipo integração para as viagens que são iniciadas no ônibus? Por que a frota é antiga e desconfortável? Por que os horários não são cumpridos? Por que não existem abrigos adequados no trajeto das linhas? Por que os motoristas acumulam a função de cobrador sem uma compensação justa e com alto grau de estresse e risco de acidentes? Por que as autoridades fiscalizadoras do município (vereadores, deputados e Transcon) nada vêem?

O Ministério Público — que juntamente com a Polícia Federal tem sido um refrigério em nossa República — trás luz as questões antigas dos usuários. As reivindicações diagnosticadas e encaminhadas nas Conferências de Transporte e Trânsito enganosas e patrocinadas pela administração municipal com o escopo de propagandear que “o povo foi ouvido e que é uma gestão democrática e participativa”. A Ação Civil Pública que a administração da petista Marília Campos enfrenta (veja em http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/mp-vai-a-justica-contra-presidente-da-transcon-1.349445) irá demonstrar mais esse vil golpe dado no povo por aqueles que se apresentavam como matriz da “Moral” e que defendia o “jeito petista de governar” como uma Luz para o mundo. Discursos que atraíram tantos eleitores, inclusive a mim, que fui um voluntário apoiador em várias campanhas conforme meus amigos e familiares podem testemunhar.

A prefeita Marília Campos, afirmou em junho de 2006 que “todos estão ganhando com a licitação do transporte coletivo, tanto a população como os empresários.” Disse também que “Para licitar o sistema de transporte coletivo, os novos regulamentos foram discutidos em conjunto com a população e com o Conselho de Transporte Municipal, nos encontros regionais de transporte.” Não é bem isso que o Ministério Público entende, pois afirma que a licitação é fraudulenta com prejuízos aos cofres públicos em mais de meio bilhão de reais, além de acusar os empresários de formação de cartel, denunciar pessoas da confiança pessoal da prefeita Marília Campos de Improbidade administrativa e pedir a nulidade de todos os contratos.

Sem dúvidas fica claro o motivo de termos um serviço de péssima qualidade a um custo altíssimo. Curioso é que quando a prefeita Marília Campos era oposição afirmava que os “tucanos” que ficaram oito anos no poder com FFHH, não implantaram um centímetro sequer do metrô em Contagem, chegou a denunciar os empresários do setor de transportes rodoviário quando era vereadora em 2002, mas inacreditavelmente os indícios apontam que reproduziu em 2006 tudo aquilo que denunciou, sem esquecer que estamos no nono ano de um governo petista no Brasil e sétimo em nossa violentada Contagem.

Quanta incoerência! Quanta hipocrisia! Mas os movimentos sociais legítimos, os cidadãos estão atentos para exigir que a forma de calcular as tarifas públicas do setor de transporte público rodoviário e ferroviário sejam revistas, que a qualidade do serviço seja a altura do que merecemos e principalmente que continuaremos com nossa parceria democrática e republicana com o Ministério Público na busca por uma sociedade materialmente justa onde os criminosos do colarinho branco sejam tratados com o rigor do Princípio Constitucional que determina serem todos iguais perante a lei.


Um fraterno abraço!
Ricardo Cidadão
Movimento Cívico Contagem Transparente!     

Frente Popular Pró-Metrô Contagem & Betim