terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Joaquim José, Joaquim Barbosa, o Quinto e os milhões de euros de Rosemary.


                                         Inconfidentes ou confidentes?


Os bastidores da execução de Joaquim José, Patrono Cívico do Brasil, ou simplesmente Tiradentes, visitam minha memória neste histórico ano de 2012. Fatos políticos na pauta do dia, sobretudo o julgamento do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, revelam que pouca coisa mudou, muitas pioraram, mas que o espírito republicano se mantém vívido graças a preciosas brasas encontradas no lamaçal em que vis políticos insistem em conduzir nossa sociedade.

Tiradentes foi considerado líder de um movimento que buscava a libertação de uma metrópole opressora que tributava em vinte por cento os colonos. Pagou com a vida o crime/pecado de gritar por liberdade, de denunciar que o Quinto era destinado a manutenção dos privilégios da família real portuguesa e de seus duques, marqueses, viscondes, condes, barões e outros fidalgos acostumados à vida palaciana desde o reinado de Dom Afonso VI (1072-1109), Rei de Leão.

Atualmente os brasileiros, “cidadãos” de um Estado Republicano e Democrático, pagam mais tributos do que os antigos colonos e que cidadãos de todos os demais países emergentes, aliás, nossa carga tributária é maior do que a do Japão e Estados Unidos. Segundo estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), publicados na página eletrônica do jornal Folha Vitória, os impostos representam até 83% do preço de produtos populares, ou seja, apenas substituímos a aristocracia portuguesa pela burocracia brasileira. Trabalhamos 150 dias por ano para pagar tributos e receber obras e serviços públicos precários num país que faz novos milionários a cada mandato.    

A alta carga tributária que pagamos não possui contrapartida equivalente por parte dos serviços prestados pelo Estado brasileiro. Todos os dias milhares de brasileiros morrem precocemente devido à falta de tratamentos médicos adequados, estradas sem manutenção. Crianças são empurradas num sistema educacional que despeja a própria sorte milhares de analfabetos funcionais, apensar dos orçamentos bilionários destinados a Educação e Saúde.

Não consigo me acostumar com a falta de indignação dos brasileiros ante as notícias recorrentes sobre evasão de divisas oriundas do desvio de verbas públicas. Dois séculos após a morte de Tiradentes, o brasileiro continua trabalhando para manutenção de privilégios e enriquecimento ilícito de uma elite corrupta. Esses milhões de euros que Rosemary Noronha, chefe do gabinete presidencial em São Paulo, levou pra Portugal (http://surgiu.com.br/noticia/60114/rosemary-noronha-entrou-em-portugal-com-malote-de-25-milhoes-de-euros.html) se equipara a um carregamento moderno do Quinto, a diferença é que o tributo imperial, apesar de seu peso, era legítimo enquanto esse dinheiro tem cheiro de evasão de divisas. 

A história da indignação do inconfidente Tiradentes se repete atualmente com os atos republicanos e democráticos do confidente Joaquim Barbosa. Mais uma vez a voz de um mineiro se levanta ante a um sistema corrompido que não interessa a ninguém.  O dinheiro adquirido de forma honesta ou ilícita já não garante a segurança nos condomínios de luxo e qualquer um pode ter a vida ceifada por um indivíduo que teve negado o direito ao processo de humanização, pelo simples fato de se assustar ao ser assaltado.

Uma coisa é certa, precisamos urgentemente de nossa Revolução Cultural. Não dá para acreditar na impunidade perpétua, afinal uma das finalidades das penas é servir de exemplo para que iniba aqueles de mente má formada ante ao projeto de viver criminosamente. Os brasileiros de mãos limpas, que são maioria esmagadora em nossa sociedade, precisam entender que não são vítimas de nada, além de sua própria covardia e omissão. Somos autores de nossa realidade e nossos atos influenciam na vida daqueles que virão depois de nós, portanto é urgente ter como meta que o exemplo do ministro confidente, Joaquim Barbosa, não pode ficar congelado por mais dois séculos.
                                                                                   Ricardo Cidadão dez/2012.

Um comentário:

  1. No ritmo que nossa maltratada sociedade segue, embora merecida dada a apatia dos cidadãos, se não nos levantarmos e resgatarmos nosso país, em breve estaremos trabalhando apenas para manter a burocracia, passando a viver das migalhas que sobrarem (se sobrarem...) presos ao grilhão da impunidade. Pessoas como o do nosso confidente Joaquim Barbosa deveriam nos inspirar para colocar um basta na corrupção em nosso Brasil, colocando os verdadeiros bandidos atrás das grades e permitindo que o povo, verdadeiro dono desta terra assuma novamente as rédeas e não necessitem viver enclausurados em seu lar.

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